Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde e Bartolomeu Lima Sá Júnior

 A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA LIBERTADORA: ABORDAGENS E DESAFIOS NO ENSINO DE HISTÓRIA

 

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde 

Bartolomeu Lima Sá Júnior

 

Introdução

 

O artigo trata sobre a importância do ensino de história da educação como prática libertadora por um viés freiriano, abordando teoricamente categorias importantes para o ensino de História em um contexto neotecnicista pensando na educação como uma práxis educativa crítica, como prática social reverberando em um ensino de História comprometido com as camadas populares e suas experiências para o debate da análise dos problemas, propiciando condições verdadeiras e participação.

 

Falar sobre educação libertadora é estar diante de grandes desafios relacionados aos novos conhecimentos, um novo pensar e dentro dessa nova perspectiva não podemos deixar de citar um grande defensor da educação conhecido como Paulo Freire, que em 1967 escreveu seu livro a “Educação como prática Libertadora”, o mesmo contém 157 páginas e foi publicado pela editora “Paz e Terra” causando uma revolução na educação brasileira.

 

Quando Paulo Freire defende uma educação Libertadora é no sentido de que saíamos da zona de conforto, de uma educação oprimida, em que os educandos não tinham voz, ou seja, podemos dizer que antes dessa luta libertária, a educação era vista de forma silenciosa, os grupos governantes que durante muito tempo foram silenciando e adotando um ensino tecnicista em que os educandos eram instruídos a não pensar e simplesmente aceitar os fatos que lhes eram impostos.

 

Mediante isso, Paulo Freire se auto desafiou e ao mesmo tempo esse desafio também foi repercutindo para os educadores contemporâneos, propondo uma educação em que o educando deixe de ser apenas um receptor e passe a ser um transmissor e defensor de seus próprios ideais, colocando a educação como um norteamento libertário em que o senso crítico faça parte do ensino-aprendizagem.

 

Contexto histórico: educação libertadora

 

As abordagens sobre uma educação libertadora e democrática no âmbito da sala de aula, reverberam para um ponto especifico e central diante das mazelas sociais que eram vigentes na época da ditadura militar (1964) e que ainda se perpetuam nos dias de hoje. Os educadores devem organizar os exercícios do âmbito escolar de forma didática e que consiga alcançar todos, valorizando qualquer conhecimento de mundo trago pelos educandos.

 

Esses exercícios precisam estar baseados em alguns contextos sociais que possa despertar a criticidade perante uma sociedade, onde o educando possa ser o autor da sua própria história. As abordagens de Paulo Freire não se limitam apenas na grade educacional, mas também a outras áreas como: economia, política e da vida social.

 

As concepções de educação por Paulo Freire, são consideradas como revolucionarias, não se limitam a sala de aula. Isso é um conceito extremamente inovador e rico quando nos apropriamos da educação como um ato político, pois aprimora e eleva o respeito ao educando em diversos aspectos sociais, respeitando principalmente o conhecimento de vida dos educandos. O educador não deve se eximir da sua função, visto que a principal abordagem de uma educação libertadora é a rejeição de qualquer forma de discriminação e que a mudança é necessária.

 

Freire, foi um educador pautado nas “diferenças culturais”, prática que ele utilizava como meio de compreensão para a “diversidade de conhecimentos” que eram e que ainda são vigentes na sociedade. Ele acredita em suas concepções que quem ignora o saber popular e critica o senso comum devem repensar suas concepções, o autor afirma que pessoas com essas características são arrogantes.

 

A prática é um conceito crucial que permeia todo o trabalho do educador. É uma relação que se estabelece entre a prática educacional e a teoria. Freire sustenta duas abordagens que são relevantes para uma educação libertadora: o diálogo entre educador e educando e a leitura crítica de mundo, a partir da gama de conhecimento que o educando traz como conhecimentos prévios. Lembrando que o educador deve valorizar alguns aspectos, contexto social, oralidade, moral, ética, etc.

 

Essas duas abordagens devem ser planejadas com cautela, pois cada educando tem suas especificidades e suas vivências, o “diálogo” e a “leitura de mundo” podem se alinhar em qualquer objeto de conhecimento, em qualquer disciplina especifica. É preciso entrar em contato com os conteúdos gerados historicamente, pois o conhecimento não começa do zero, porém, somente quando a teoria enfrenta a experiência e a realidade que todos vivenciam no decorrer dos dias, a visão crítica pode ser pavimentada.

 

A aprendizagem é libertadora quando é valorizado o conhecimento que o educando traz para a elaboração de novos conhecimentos, isso leva ao aprendizado pessoal. Quando o educando estuda e tem um educador pautado em formar cidadãos, o processo de ensino-aprendizagem será frutífero, o progresso do educando precisa ser visível, a garantia de excelentes condições de educação nem sempre são concretizadas como deveriam ser, o que de fato acaba afetando no empenho do educando.

 

“Então surge o grande desafio do professor: despertar no educando a motivação para a interação com o conhecimento e com as pessoas que estão a sua volta (colegas e professores), pois o conhecimento também se dá a partir da interação com o outro. A escola deve ser um espaço que motive o aprendente e não somente que se ocupe em transmitir conteúdo. E o professor precisa propor atividades que os alunos tenham condições de realizar e que despertem a curiosidade deles e os faça avançar. É necessário levá-los a enfrentar desafios, a fazer perguntas e procurar respostas” (KRUPP e TEIXEIRA, 2015 p.02).

 

Paulo Freire disse que o impulso é extremamente relevante. O impulso faz uma relação com a ação e o esperado é que resulte na execução de conhecimento. Quando o educador usa o impulso com exercícios que trarão significações para o educando como a ludicidade, algo para somar pontos extras na nota, etc. Certamente serão aproveitados, devido ser um exercício democrático e diferenciado de uma educação que visa o educador como um mero reprodutor de conteúdo. Se a escola não propor essas abordagens como um diferencial nas aulas, com certeza será um ambiente incapaz de formar cidadãos autônomos com visão ampla e democrática.

 

Não existe aprendizagem libertadora sem troca de conhecimento entre educador e educando, um deve aprender com o outro, através do impulso que resultará na curiosidade de ambos. “Com esta troca, ambos aprendem, pois, o ensino não será decorado ou memorizado apenas para passar de ano ou para ganhar promoções e sim porque a aprendizagem efetiva aconteceu de fato e não será esquecida” (KRUPP e TEIXEIRA, 2015 p.03).

 

“A educação bancária, que tem por referência as teorias tradicionais do currículo, compreende os (as) estudantes como depósitos vazios a serem preenchidos por conteúdo do domínio exclusivo do (a) professor (a). Nessa concepção, o (a) estudante é percebido como alguém que nada sabe, como ser passível de adaptação e ajuste à sociedade vigente. A curiosidade e a autonomia vão-se perdendo na produção do conhecimento, uma vez que o conhecimento é narrado pelo (a) professor (a) como algo acabado, estático. Assim, expõe-se o (a) estudante a um processo de desumanização” (MENEZES e SANTIAGO, 2014, p.49).

 

A educação bancária no currículo educacional foi questionada por Freire, ele deixou sua contribuição como forma de repreensão ao formato de educação que não despertava a criticidade do educando. Essa educação reverbera para o educando se tornar um ser passivo ao qual apenas recebe um conhecimento que não vai despertar e valorizar sua consciência histórica, sua autonomia de ser o próprio autor da sua história, e esse conhecimento não faz parte da sua realidade, sem chances de opinar sobre o que vai ser ensinado. Esse conhecimento é de total domínio do educador, algo que vem pronto e já foi imposto por uma classe hierárquica, onde não existe respeito e valorização dessa educação.

 

Nesse conceito, o educando é considerado ignorante, incapaz de se adaptar em uma sociedade vigente. A busca pelo conhecimento, a valorização, a autonomia, a criticidade se perde no tempo, pois o conhecimento é descrito de forma única e opressora pelo educador, o que vai resultar em um processo de degradação educacional.

 

Essas concepções entre educação libertadora e educação bancária servem como alinhamento de abordagens sobre o que se deve desenvolver e não desenvolver no âmbito da sala de aula. A educação precisa ser democrática, deve alcançar todos que buscam algo vindouro e tentar agregar aqueles que não querem uma consciência crítica, com um planejamento e uma didática voltadas para essas pessoas, os frutos serão explícitos.

 

“[...] o educador não é aquele que traz a luz sobre os ignorantes cegos. Pelo contrário, dentro do princípio freiriano, ele é uma espécie de parteiro que ajuda no processo de conscientização, não lhe cabendo em nenhum momento impor a sua própria visão de mundo” (CERRI, 2011, p. 116).

 

O ser humano se constrói ao longo do tempo, perante um contexto social, no tempo e no espaço, e a educação deve despertar e oportunizar sua criatividade para elaboração da sua própria história, o processo de cognição envolve comunicação mútua e subjetividade. Os protagonistas dessa formação envolvem educador e educando – eles conversam discutem algo pertinente e relevante sobre o conteúdo vigente e acima de tudo acumulam conhecimentos juntos.

 

Educação libertadora e ensino de história

 

Cabe ressaltar que, a educação nesse período passava por uma fase transitória, fase essa que o país se deparava por uma forte pressão militar do qual ocorreu entre 1964 a 1985, visto como um dos períodos mais difíceis para o Brasil onde, a desigualdade social aumentou. Em vista disso, o país sofreu fortes pressões, uma vez que, a educação cada vez mais se tornava uma afronta para os representantes, pelo fato que, se a educação libertadora é provocar mudanças, é desmistificar o ensino mecanizado, implica dizer que, essa educação libertária se tornaria satisfatória, tendo a função de desconstruir os velhos métodos, passando a viver novas mudanças. Mudanças essas que oportunizam o educador contemporâneo não ser visto como o único detentor do saber, mas que por meio dele é feito a mediação do conhecimento ao educando, oferecendo ferramentas que possibilitam o buscar, além do que lhe é proposto no âmbito da sala de aula, caso contrário, o educando continuará sendo estagnado.

 

“Um novo clima cultural começa a se formar. Representantes das elites dirigentes, até então inautênticas, por isto superpostas ao seu mundo, começam a com eles se integrar. Um mundo novo se levanta diante deles, com matrizes até então despercebidos” (FREIRE, 1967, p.52).

 

Em virtude disso, estamos diante de um novo recomeço em que a sociedade deixou de ser fechada, surgindo uma nova esperança onde as pessoas que antes não tinham vontade própria, passam a construir e defender sua própria história, ou seja, isso significa dizer que, não basta só conhecermos o sentido da educação libertária é preciso nos encontrarmos dentro dela, pois só  assim sabemos que o clima cultural citado por Paulo Freire começa se formar em nós, uma nova perspectiva de que a partir de novos conhecimentos adquiridos nunca mais seremos os mesmos diante dos governantes elitizados que insistem em dominar a educação ao seu modo.

 

“Não há nada que mais contradiga e comprometa a emersão popular do que uma educação que não jogue o educando as experiências do debate da análise dos problemas e que não lhe propicie condições de verdadeira participação” (FREIRE, 1967, p.93).

 

Nesse sentido, o autor enfatiza a importância e desafio que o educador tem em mãos nos dias atuais, se ele deseja que seus educandos sejam críticos e conscientes diante de qualquer debate, cabe ao educador deixar de ser monótono, tornando-se um mediador importante nessa construção do saber, pois é através de um método diferente de ensinar História que se forma cidadãos críticos e democráticos tendo a certeza de estar preparando cidadãos convictos com plenas habilidades de identificar quaisquer problemas sociais e também tomar suas próprias decisões.

 

“Por isso, percebe-se grandes dificuldades que muitos educadores ainda enfrentam na sala de aula por sentirem despreparados com certos desafios que aparecem no cotidiano. Ele é responsável por ensinar o educando a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vistas. Ao educador cabe ensinar o educando a levantar problemas e a reintegra- lós num conjunto mais vasto de outros problemas, procurando transformar, em cada aula de História, temas em problemática” (BITTENCOURT, 2012, p.57).

 

Nota-se, que a função do professor de História não é só repassar conteúdos, ele é responsável em instruir o educando a codificar os possíveis problemas que são lançados no decorrer dos conteúdos explorados. Ao educador cabe levar o educando a sair da zona de conforto transformando esse ser em um indivíduo capaz de ver o ensino de História não como algo enfadonho que por muito tempo foi visto, mas propor por meio de novas abordagens que a História pode sim, ter um significado diferente e positivo.

 

Portanto, o professor deve mudar sua metodologia, ele não pode desistir de si mesmo, embora diante de tantos desafios é com o educador que o educando conta, mesmo que possa surgir grandes problemas como sempre vão surgir, o educador precisa conscientizar-se da importância que representa como ser social. Até porque, para combater as desigualdades sociais que ocorrem dentro da sala de aula é necessário usar três ferramentas essenciais que são: o amor, dedicação e respeito, só assim, a educação terá um resultado significativo. "[...]não é parar de lutar, mas reconhecendo-se que a luta é uma categoria histórica, reinventar a forma também histórica de lutar" (FREIRE, 2009, p.68).

 

“Enquanto ensino continuo buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenha, intervindo, educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conhece e comunicar ou anunciar a novidade” (FREIRE, 2002, p.32).

 

Nessa perspectiva, conclui- se, que é por meio da pesquisa que o educador se torna inovador, consegue reproduzir o que antes não conseguia, porque quando o mesmo passa ser pesquisador ele consegue repassar melhor os conteúdos. Além disso, quanto mais o educador pesquisa mais chance tem de oferecer o novo para seus educandos, ou seja, o educador que se possibilita a recomeçar está pronto a construir não só um novo relacionamento, mas transferir o que realmente interessa a eles, que é o conhecimento inovador.

 

A educação que fizesse do homem um ser cada vez mais consciente de sua transitividade, que deve ser usada tanto quanto possível criticamente, ou com acento cada vez maior de racionalidade

 

“Não podíamos compreender, numa sociedade dinamicamente em fazerem transição, uma educação que levasse o homem a posições quietistas ao invés daquela que o levasse a procura da verdade em comum, "ouvindo, perguntando, investigando". Só podíamos compreender uma educação que fizesse do homem um ser cada vez mais consciente de sua transitividade, que deve ser usada tanto quanto possível criticamente, ou com acento cada vez maior de racionalidade” (FREIRE, 1967, p.90).

 

Isso implica dizer que, a educação libertária possibilita um conhecimento crítico desmistificando ações em que por muito tempo foram dotados como prática pedagógica. Para Freire, um dos fatores importantes para um novo olhar pedagógico é quando o educando consegue compreender que faz parte de um novo mundo democrático, ou seja, ele está falando que eles precisam defender seus interesses, lutando e acreditando em uma sociedade mais justa onde todos são vistos e valorizados de forma igual independente de seu meio cultural, etnia, cor ou raça, todos fazem parte de um espaço sócio cultural e merecem ser respeitados.

 

Outro fator muito importante também citado por Paulo Freire que não pode faltar no desenvolvimento da educação é o diálogo interligado com o amor. Nesse sentido, “não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há, amor que a infunda” (FREIRE, 1987, p.45).

 

Sob tal perspectiva, Paulo Freire critica os educadores quando diz que, não adianta falarmos em sala de aula para os nossos educandos sobre a realidade se lá fora vivemos ou aceitamos outra, essa realidade só terá significado quando percebemos em nossos educandos uma análise crítica referente a tudo que está ao nosso redor. Tudo isso só faz sentido quando damos espaço ao diálogo, que por meio dele representa um ato de novas descobertas, onde tanto o educador como o educando aprenderão se reinventar relacionando a sua existência ao contexto social do qual está inserido.

 

Assim sendo, Freire vê a educação libertadora como uma porta aberta onde constrói pontes problematizadas e firmada em argumentos provocados de novas reflexões do qual leva o educando a ter o senso crítico, e libertador, tendo a plena consciência de suas atitudes mediante ao contexto social. Do educador espera-se que: "assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se conversa definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção" (FREIRE,1997, p.24-25).

 

Desse modo, Freire enfatiza que o papel do educador é ser o mediador de conhecimento e não apenas só ensinar, pois aquele que só ensina está estagnado a novos horizontes, ou seja, é preciso que o mesmo compreenda da importância que representa como intermediário em oferecer aos educandos novas estratégias que possibilitam o mesmo por meio de diferentes níveis de conhecimentos se tornarem sujeitos independentes, que sejam capazes de pensarem por si, de se questionarem e trilhar outros caminhos. Caminhos esses da qual nos referimos não é limitar o conhecimento que o educando já tem, é fazê-lo perceber que a História é uma ciência que abrange um vasto campo de interpretações que estuda o homem do passado é também das temporalidades, construindo experiências históricas da qual está inserido.

 

“A pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois momentos distintos. O primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, nas práxis, com a sua realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação” (FRIERE, 1987, p.57).

 

Conclui-se que a educação libertadora possibilita para o ensino de História compreender e entender que a História está em constante processo de construção, na medida em que o ser humano se vê como um agente de mudança, nesse exato momento, estamos diante de um novo ser capaz de tomar suas próprias decisões, vencendo certas rupturas que por muito tempo eram vistas como imutável.

 

Referências biográficas

 

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde Doutora em Educação / PPGE/UECE

Professora pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA - Campus de Codó/MA Curso de Licenciatura Ciências Naturais/Biologia. Área de Fundamentos da Educação. E-mail: napaularenaldo@gmail.com

 

Bartolomeu Lima Sá Júnior é Graduando em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA pelo Programa de Formação de Professores para atuar na Educação Básica – PROFBPAR-PARFOR/UFMA – Campus: Urbano Santos. Leciona a disciplina de História nos Anos Finais da Educação Básica no município de Urbano Santos. E-mail: juniorsaroney92@gmail.com

 

Referências bibliográficas

 

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. São Paulo. Editora: Contexto, 2012.

CERRI, Luís Fernando. Ensino de história e consciência histórica. Rio de janeiro: Editora FGV, 2011.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro. Editora: Paz e Terra LTDA, v.199, 1967.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17º ed. Rio de Janeiro. Editora: Paz e Terra, 1987.

FREIRE, Paulo. Saberes necessários à prática docente. Editora: Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. Saberes necessários à prática docente. Rio de Janeiro. Editora: Paz e Terra, 2002.

KRUPP, Ana Paula Scherer da Silva. TEIXEIRA, Tatiana Brito. Motivação no espaço escolar: em busca de uma prática libertadora. 2015.

MENEZES, Maria Gabriela. SANTIAGO, Maria Eliete. Contribuição do pensamento de Paulo Freire para o paradigma curricular crítico-emancipatório. Pro - Posições | v. 25, n. 3 (75) | p. 45-62 | set/dez. 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pp/a/QJxGZXzMDX4Qjpkxd5jRfFD/?format=pdf&lang=pt> Acesso em: 12 de outubro de 2021.


22 comentários:

  1. Alexandre Black de Albuquerque

    Ótimo texto. Seria um problema pautado apenas na figura do educador produzir uma educação transformadora e inclusiva? Me parece que mais do que uma incapacidade de formar professores que privilegiem uma educação no sentido defendido por FREIRE, há um desinteresse do Estado e dos grupos dominantes em implementar tal sistema. Como transpor essa barreira?

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    1. Bom dia Alexandre, obrigado pela leitura de nosso texto. O trabalho do professor e as relações que ele constrói dentro da sala de aula são fundamentais para democratizar o processo e promover a qualidade da educação. O professor precisa se dedicar à sua prática. Inovar sem abrir mão de planos de ação, pois o processo educativo requer organização sistemática, sem abrir mão dos princípios de liberdade, atendimento às necessidades individuais e coletivas, oportunidades para todos e formação cidadã.
      Analisando as políticas públicas desenvolvidas no Brasil para alcançar a educação inclusiva, nós verificamos que, embora com base em discursos democráticos, os seguintes princípios de igualdade, diversidade e democracia, tais políticas educacionais não são descritas e atribuídas como deveriam ser. Isso porque encontrar um discurso inclusivo é perceber que eles são construídos sobre os mesmos conceitos de capitalismo, atribuindo exclusão a certas populações educacionais (classes). Retratos do nosso Brasil.
      Alexandre, a educação inclusiva no Brasil ainda está engatinhando, e sabemos que precisa de apoio e investimentos governamentais. No entanto, é nossa esperança que, com o tempo, a melhoria seja visível, principalmente na formação de professores. Freire citava que as mudanças organizacionais em diferentes níveis do sistema educacional, mudanças na conexão entre diferentes instituições educacionais, mudanças na gestão, mudanças nas salas de aula e nos currículos, e mudanças no próprio processo de ensino, também podem causar resistência e medo que inibem que essas mudanças aconteçam.

      Bartolomeu Lima Sá Júnior

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  2. Paulo Freire focava em uma agenda educacional onde a educação passou a ser vista como direito na formação. No presente artigo se enfatiza que a prática é crucial no trabalho do Educador. Como despertar nos alunos o interesse pela historiografia mediante os avanços da internet, onde as fontes não são muitas confiáveis?

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    1. Bom dia Ivone. Um dos desafios da educação atual está em integrar a difusão da Internet, e atualmente é um ponto importante na sociedade, influenciando seus mais diversos setores, incluindo, é claro, o âmbito escolar. Na verdade, vemos que mais pessoas conseguem se matricular nas escolas, os números mostram uma grande melhora, mas isso não garante que elas possam ter uma formação completa. A qualidade e as condições de ensino ainda apresentam muitos problemas que afetam o cotidiano de alunos, professores, pais e todos aqueles relacionados ao sistema escolar brasileiro, ou seja, todos da comunidade.
      A realidade da educação brasileira se apresenta de forma complexa, apresentando desafios e problemas relacionados à situação econômica, política, social e cultural de nosso país. A origem desse processo deve ser analisada a partir de um contexto histórico mais amplo, “de longo prazo”, a fim de fornecer evidências que possibilitem compreender a permanência e ruptura nesse processo, a fim de que é preciso pensar o desenvolvimento da educação no Brasil.
      Ivone, como despertar nos alunos o interesse pela historiografia mediante os avanços da internet, onde as fontes não são muitas confiáveis? Para um melhor aproveitamento na relação ensino-aprendizagem, o professor não deve ministrar aulas apenas do modo tradicional, fazendo uso somente do quadro, giz e livro didático base. É fundamental a utilização de diferentes recursos didático pedagógicos que, se bem escolhidos e usados, são importantes auxiliares, ou mediadores, no processo de ensino-aprendizagem, tornando a aprendizagem mais significativa e eficaz. Estudar História é debruçar-se sobre toda e qualquer experiência humana. Inserido na questão da educação, o ensino de História ocupa um lugar de destaque na formação humana, entretanto as concepções sobre o ensino de História atuam dentro do seu próprio contexto, assim, os objetivos, métodos, conteúdos, entre outros pontos (sites) variam de acordo com o seu tempo e espaço, sendo fundamental uma análise a partir de uma perspectiva de longa duração para uma melhor compreensão sobre o tema.

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  3. Ana Paula e Bartolomeu, quero parabenizá-los pelo o texto, que trás a tona problemáticas que persistem ao longo do tempo e difíceis de serem sanadas principalmente no ensino de história. A educação libertadora de Freire, tem continuado sendo um desafio reforçado pelos agentes contexto: o político, o econômico e o social, sempre conflitantes e antagônicos. Parabéns, pelo o texto que trás elementos construtivos e reflexivos sobre a temática em questão.
    Romildo Flosino de Souza

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    1. Obrigado Romildo, pela leitura do nosso texto. Estamos felizes por suas observações. Sigamos na luta por uma educação de qualidade.

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  4. Nubiana Vieira Nascimento14 de setembro de 2022 às 11:30

    Diante da leitura do artigo, você menciona que," falar sobre a educação libertadora é estar diante de grandes desafios relacionados aos novos conhecimentos, um novo pensar, dentro dessa nova perspectiva", baseado nesse pensamento e alinhado ao pensamento de Paulo Freire que defende uma educação libertadora, como você usaria praticar essa forma de educação nos tempos difíceis que estamos vivendo-periodo de quase 2 anos sem nossos educandos em sala de aula?

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    1. Bom dia, querida Nubiana. Novamente, os menos populares são os mais desfavorecidos. Aulas online para pessoas sem computadores, celulares e cobertura de internet. Em muitos casos, as crianças tinham sua única refeição na escola.
      Reinventar o pensamento docente de Paulo Freire em tempos de pandemia significa aceitar sua oferta de ver a história como uma possibilidade. Desta forma, o chamado educador freireano que se recusa a reinventar o trabalho de Freire na sala de aula está negando a história como possibilidade de um ensino de qualidade. Freire diz que o educador precisa reavaliar sua postura diante das propostas teóricas de cada contexto histórico vivenciado.
      Nubiana, nós educadores devemos continuar acreditando na transformação, nossas práticas docentes, na escolarização e no ambiente Covid-19 para perpetuar a esperançosa busca por tempos melhores. O suporte teórico e prático do pensamento pedagógico de Paulo Freire, deve trazer esperança para a era de transição e superar os desafios e enfrentamentos na escolarização durante a pandemia e pós-pandemia. Afinal, existe uma saída, uma possibilidade e uma esperança...

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  5. Nubiana Vieira Nascimento14 de setembro de 2022 às 11:34

    Um dos objetivos do ensino de História é formar cidadãos críticos e democráticos, tendo a certeza de estar preparando cidadãos convictos com plenas habilidades de identificar quaisquer problemas sociais e também tomar suas próprias decisões, além disso como você conceituaria o ensino de História como prática libertadora?

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    1. Freire aguça sobre a luta constante aos desafios da História, quando indaga que, a mesma não pode ser vista de uma única forma, ou seja, permanente, pois somos seres destinados obedecer às certas condições e não fixado em um único lugar. Isso implica dizer, que o ensino da História nos possibilita a reconhecer que somos dotados de direitos e deveres, e se temos esses direitos cabe ao sujeito romper certos paradigmas e ocupar seu devido espaço na sociedade que lhe pertence.
      A educação nos estimula a enfrentar dificuldades que nos fazem entender que a História vive em constante processo de construção, na medida em que o ser humano se vê como um agente de mudança, nesse exato momento, estamos diante de um novo ser capaz de tomar suas próprias decisões vencendo certas rupturas que por muito tempo era visto como imutável.
      Os humanos adicionam razão, inteligência e emoção em suas vidas, e se fundamentam como um ponto de encontro para fins políticos. A pessoa que combina essas dimensões é o sujeito da história que Freire tenta tocar e inspirar, para que aqueles que foram marginalizados na história possam remodelá-lo. Aqueles que são marginalizados por si próprios e pelo mundo, marginalizados pelo poder. Portanto, seu projeto é a libertação: homens e mulheres, sua relação dominante em múltiplos campos, visões de mundo, criação intelectual, artística e política. A radicalidade da filosofia e do plano de ensino de Freire o levou a considerar a questão do conhecimento como o eixo da tensão social, objeto que foi coberto pela forma social de sua crítica e ao mesmo tempo existia em seu sonho na forma de lutar por direitos. Como resultado está o sentido de lutar pelo conhecimento como expressão política de dignidade e valor coletivo.
      Uma mudança de paradigma é necessária no design e abordagens de espaços educacionais. Alterar historicamente sua estrutura de conhecimento para despertar criticamente suas reações ao micromundo e desencadear a transferência de poder, desde a autoridade dos dirigentes e educadores para a partilha do poder na comunidade. Neste caso, todos gozam de direitos iguais. Participação e autoridade dentro da instituição de ensino.

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  6. Boa tarde, Ana Paula e Bartolomeu!
    Freire faz parte da tendência de Educação Progressista que identifica um caráter político da educação como caminho para a transformação da realidade social. Contudo, enfrentamos diversas dificuldades no atual contexto brasileiro. Entre essas dificuldades está uma realidade social marcada pela polarização e com o distanciamento da perspectiva de diálogo. Como os educadores podem enfrentar tais obstáculos?
    Parabenizo pelo artigo.
    Ilana Peliciari Rocha

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  7. Parabéns pelo texto, Professora Ana Paula e Bartolomeu. A polarização política verificada nos mais diversos âmbitos sociais do nosso país pode ser claramente verificada e vivenciada em sala de aula. Como encaminhar, de fato, a chamada educação libertadora preconizada por Paulo Freire em tempos tão antagônicos?

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    1. Que satisfação, professora Marise! Sempre atenciosa em suas colocações!Freire (1979) coloca que não ha nada de mais concreto e real do que os homens no mundo contra os homens, a pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, desvela o mundo da opressão e compromete-se com a práxis em processo permanente de libertação, forjada com eles e não para eles.

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    2. Muito obrigada pela resposta tão assertiva.

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  8. Olá Autores! O texto de vocês apresenta a centralidade e importância do pensamento de Paulo Freire! Pergunto são essas condições que trazem á ele uma critica distante e incompreendida? O que vocês pensam sobe isso? Abcs!

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    1. Satisfação professor Crema! A libertação é um parto doloroso e a práxis autentica é a ação dos homens no mundo para transforma-lo com conhecimento de si, que não se transfere se cria.

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    2. Obrigado! Abcs!

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  9. Primeiramente, parabéns pelo texto. Você apresentou uma excelente análise da EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA LIBERTADORA: ABORDAGENS E DESAFIOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. Eu sou Pedagoga e professora de História, atualmente estou lecionando da rede municipal de ensino, sou fã de Paulo Freire, adoro as teorias dele. Seu texto está bem elaborado e muito explicativo sobre a relação com o ensino de história e as críticas de Freire. Concordo com as concepções de educação de Paulo Freire, sim, elas são consideradas revolucionarias, mas cabe ao professor buscar revolucionar, de nada adianta a teoria sem a prática. Eu tenho vivido isso na prática quando você mencionou que o professor deve buscar trazer o conteúdo o mais próximo possível ao aluno, porém, a nossa realidade em sala de aula muitas vezes não nos deixa, pois, existem alguns impedimentos, como os professores mais antigos que não querem deixar a inovação chegar na sala de aula e que não querem que os professores novos sejam "melhores" que os antigos. Mas isso faz parte da transformação da educação, somos capazes de melhorar cada vez mais nossos alunos. Atualmente, estamos presenciando uma nova era de crianças que tem tido acesso as tecnologias, nossas crianças e adolescentes já não são mais os mesmos alunos que eram no final da década de 90 e início de 2000, aqueles alunos que ficavam sentados nas carteiras da sala de aula e prestavam atenção no professor não existem mais, pois, agora estes novos alunos são os ligados a 220, e são mais ativos e questionadores, querem aprender mais e mais. Se o professor não ser libertador e crítico não consegue acompanhar a transformação da educação que Paulo Freire relatou. Parabéns pelo seu texto.
    ALINE KARINE NUNES

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  10. Qual seria o objetivo principal como professores de História diante desta perspectiva de transformação na educação com base na teoria de Freire?
    ALINE KARINE NUNES

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    1. Aline, que amorosidade! Devemos assumir nosso papel como sujeito da historia, como individuo concreto, enquanto ser situado dentro das condições concretas.

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