Gerson Luiz Buczenko

 “NOVO” ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA E SEU ENSINO

 

Gerson Luiz Buczenko

 

O presente trabalho tem como objetivo analisar o 1º Ano do “Novo” Ensino Médio, em relação ao ensino de História. Entre os objetivos específicos foram elencados: analisar a percepção de Adolescente sobre o ensino de História até o 9º ano e suas expectativas, em relação ao 1º ano do “Novo” Ensino Médio; avaliar as primeiras impressões sobre o ensino de História no “Novo” Ensino Médio em instituição de ensino pública e seu material didático. A indagação de pesquisa foi definida da seguinte forma: o ensino de História, no novo formato de Ensino Médio, contribuirá para o protagonismo juvenil, valorizando suas aptidões e interesses? A metodologia de pesquisa se deu por meio de pesquisa bibliográfica e documental somando-se uma análise de respostas de um questionário aplicado à Adolescente matriculado no “Novo” Ensino Médio, em 2022.

 

Ainda em relação ao método e procedimentos de pesquisa é importante salientar que o Adolescente que se voluntariou a participar da pesquisa, finalizou o 9ª ano do ensino fundamental em Escola Privada, em município localizado na Região Metropolitana de Curitiba. Também, de sua turma com um total de 10 Alunos, somente ele respondeu ao questionário e ainda, matriculou-se em instituição de ensino pública para cursar o Ensino Médio, os demais Alunos optaram por cursar o Ensino Médio em instituições privadas, razão pela qual a análise que se deu foi de forma restrita em função da amostra da pesquisa, ou seja, apenas as respostas de um Aluno e o respectivo material didático que disponibilizou para análise.

 

O presente texto também é fruto do acompanhamento dos embates ocorridos em relação à implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Disciplina de História, diante de um cenário de imposição de vontades conservadoras e empresariais, marca de um momento político no Brasil que afeta fortemente o cenário educacional. Nesse mesmo cenário houve momentos em que se cogitou até mesmo não haver a História no Ensino Médio, fato que motivou a reação de inúmeras instituições representativas de Professores e Pesquisadores da Educação e Historiadores, pela manutenção da História no currículo escolar do “Novo” Ensino Médio.

 

Em relação à defesa do ensino de História Mullet (2021), entre outros Historiadores, vem a afirmar que a “História que estudamos na escola não serve simplesmente e apenas para passar nas provas vestibulares, para concluir e ganhar um diploma do Ensino Fundamental, para realizar a prova do Enem e tentar um futuro em uma universidade brasileira. A história que estudamos na escola amplia o mundo no qual vivemos, dá sentido a ele, oferece outros sentidos que as notícias ou o jornal das 7 não consegue dar. E isso é fundamental para criarmos futuros que não estão previstos por este presente tão difícil em que vivemos.” Assim, o ensino de História deveria ser valorizado de uma forma diferenciada em razão de suas propriedades que são várias, como uma análise de conjuntura, um posicionamento pessoal ou de classe e ainda, a defesa de pontos de vista com base histórico-social, além do próprio desenvolvimento cognitivo que enseja o pensar histórico.

 

No mesmo caminho Bittencourt (2006, p. 27) afirma que o “ensino de História pode possibilitar ao aluno reconhecer a existência da história crítica e da história interiorizada e a viver conscientemente as especificidades de cada uma delas. O estudo de sociedades de outros tempos e lugares pode possibilitar a constituição da própria identidade coletiva na qual o cidadão comum está inserido, à medida que introduz o conhecimento sobre a dimensão do outro, de uma outra sociedade, outros valores e mitos de diferentes momentos históricos. Identidade e diferença se complementam para a compreensão do que é ser cidadão e suas reais possibilidades de ação política e de autonomia intelectual no mundo da globalização, em sua capacidade de manter e gerar diferenças econômicas, sociais e culturais como as do nosso país.” Dessa forma o conhecimento histórico propicia também um posicionamento identitário que pode ser de classe, de regionalidade, de nacionalidade e, principalmente, de respeito ao outro em toda a sua dimensão também identitária. No entanto, há que se salientar algumas permanências em razão do constructo social-intelectual de classe, que fazem acontecer um posicionamento diferenciado, porém plenamente aceitável, diante do contexto vivido desde o surgimento do capitalismo como forma de ser e de existir que vem moldando a sociedade e suas estruturas e, entre elas, a educação.

 

Em relação à importância do aprendizado histórico Rüsen (2010, p. 44) vem a salientar que “o mesmo seria parcial quando considerado somente como processo cognitivo. Ele é também determinado por pontos de vista emocionais, estéticos, normativos e de interesses. A seus resultados pertence, consequentemente, não somente uma competência para a interpretação do passado humano como história, mas também se distinguem a competência estética, a qualidade e a particularidade do passado em sua singularidade e diversidade de circunstâncias presentes e a consequência prática de empregar conhecimento histórico na análise, no julgamento e no tratamento dos problemas do presente”. O aprendizado histórico vem a somar com os outros conhecimentos, facilitando entendimentos, posicionamentos, visões de mundo, proporcionando opiniões estético-éticas fundamentais para realidade complexas como as vividas na contemporaneidade, em que a falta de uma consciência histórica e de classe, permitem a proliferação de ideias estapafúrdias sobre a história do país e dos tristes momentos históricos, como as ditaduras militares, vivenciadas em todos os países latino-americanos com sequelas visíveis ainda nos dias de hoje. O aprendizado histórico vai influenciar de forma incisiva no combate ao preconceito de todas as formas, infelizmente ainda presente, bem como ao combate da violência embutida na forma de ser da sociedade classista, presente, ora nas ações do Estado, ora na ação de outros a seu serviço.

 

Nesse mesmo caminhar Martins (2021, p. 60) salienta que a “a História, com sua chamada à consciência clara dos percursos reais dos homens e de suas sociedades, contribuiria com o ‘roteiro’ de construção da identidade e com o ‘porto seguro’ nos vendavais das transformações valorativas, econômicas e políticas. Tal horizonte de referência orienta a consciência histórica e confere-lhe a elevada posição de tarefa educacional do ensino e do aprendizado da História em sua concretude”.  A História e seu ensino vêm a aclarar as relações entre o presente, o passado e as perspectivas de futuro, fundamentais para qualquer ser humano, jovem ou adulto, se posicionar no mundo, estabelecer um olhar individual e ter clara a sua forma de ser no mundo, diante dos cenários desvelados e, consciente dos reais mecanismos que movem a sociedade em seu percurso histórico.

 

Voltando-se o olhar para o percurso do Novo Ensino Médio e sua proposta para a História e seu ensino, diante do cenário pesquisado, uma Instituição Escolar Pública na cidade de Curitiba, em razão de ser o local de estudos do Adolescente, foco da presente pesquisa, verificou que não existe um livro didático específico de História, assim como de outras Ciências Humanas. Os livros didáticos adotados pela Instituição Escolar são da Coleção Conexões da Editora Moderna, vinculados ao Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) 2021, com financiamento pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A referida coleção têm um total de dezesseis livros, somando-se ainda os livros didáticos voltados de forma exclusiva para Matemática, Português e Língua Inglesa, totalizando 19 livros didáticos fornecidos ao Adolescente matriculado no 1º Ano do “Novo” Ensino Médio. De forma mais amiúde verificou-se o Livro Didático intitulado Conexões: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, com o subtítulo: Trabalho e Transformação Social, organizado por Gilberto Cotrim, Ângela Corrêa da Silva Lozano, Alexandre Alves, Letícia Fagundes de Oliveira e Marília Moschkovich. Nessa Obra, o tema principal é o trabalho, divido em quatro capítulos: trabalho e projeto de vida; trabalho nas sociedades pré-industriais; o trabalho na modernidade industrial; trabalho no mundo globalizado. Destaca-se também na composição da Obra um quadro (p. 08; 09) sobre as competências que serão mobilizadas durante os estudos dos conteúdos, destacando-se as competências gerais da Educação Básica e as competências específicas e respectivas habilidades da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. As competências específicas são seis ao todo, com vinte e seis habilidades detalhadas. A competência específica um, foi definida como: “Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas. em argumentos e fontes de natureza científica”. Dessa competência específica, decorrem seis habilidades, da qual se especifica a habilidade codificada em “EM13CHS102”, que diz: “Identificar, analisar, e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento, etc.), avaliando criticamente seu significado e comparando a narrativas que contemplem outros agentes e discursos”.

 

Ainda na análise do livro didático “Conexões: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas - Trabalho e transformação Social”, e de forma especifica sobre o conteúdo “Trabalho: a atividade transformadora humana” (2020, p.18), sugere-se, já no inicio da página, a mediação entre História e Sociologia e em outros momentos a mediação entre Sociologia e Filosofia. Seguindo o capítulo ocorre a abordagem dos temas: Trabalho: breve visão histórica, com os subtítulos – Primeiras Sociedades, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea; Alienação, com os subtítulos – Trabalho Alienado, Consumo Alienado, Lazer Alienado; Tempo Livre ou Desemprego. Em seguida surge o tema “Contraponto” com o subtítulo – Trabalho: liberdade ou submissão, com recortes de textos dos “Manuscritos Econômicos e Filosóficos” de Karl Marx e, “Em busca do ócio” de Domênico De Mais, publicado na Revista Veja em 1993. Ao final do capítulo são abordados os temas: Sociedade do desemprego; Pensar o futuro no presente que direciona a abordagem para a construção de um projeto de vida com mensagens textuais sobre autodeterminação, Empatia, Autoconhecimento, Projeto de vida, O projeto Profissional. Encerra-se o capítulo com um breve texto intitulado “O jovem do século XXI” de Alfredo Carlos Gomes da Costa, que afirma: [...] O ato de influir no mundo externo, a partir da edificação de seu próprio mundo interno, é um movimento dialético que o jovem do século XXI, mais do que nunca, necessita e requer. Viver e conviver; protagonizar e empreender; agir e reagir; ensinar e aprender; conhecer e fazer diante da circunstância, sem abrir mão do significado (valor) e sentido (direção) que fundamentam sua existência, representa o cerne de toda ação educativa verdadeiramente imbuída do compromisso ético” [...].

 

Assim, observando de forma atenta à composição da organização do capítulo e longe de uma crítica pontual aos Autores, no entanto, sendo enfático na defesa dos princípios que norteiam o ensino de História verifica-se que, salvo melhor juízo, vários conceitos-chave para o entendimento teórico e prático das Ciências Humanas e entre estas, a História, não são aprofundados, principalmente em se tratando de uma abordagem voltada para jovens na faixa etária de 15 anos. Construções conceituais que exigem um entendimento mais aprofundado, seja da própria História, como a sua divisão tradicional em Pré-História, História Antiga, História Medieval e História Contemporânea, seja da Sociologia e Filosofia, como os conceitos de trabalho, alienação, dialética, em tese, ainda não foram finalizadas na formação intelectual do jovem a quem se destina essa abordagem. Essa dificuldade se verifica também ao analisar a competência de “Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica”, que já seria uma missão de uma vida humana inteira e bem vivida, vê-se como inconcebível almejar que um jovem, em sua adolescência, possa ter essa condição de maturidade pessoal e intelectual para adquirir essa “competência” de forma plena e as habilidades correspondentes, voltadas para um “mercado” ou “sociedade do conhecimento”.

 

Ao verificar as respostas ao questionário submetido para o Adolescente matriculado no 1º Ano do Novo Ensino Médio em 2022, verifica-se que ao ser indagado sobre o conteúdo de História no 9ª Ano, passou a responder: 1. Qual o conteúdo que mais atraiu sua atenção? Resposta - Revolução Russa; 2. Qual o conteúdo que não lhe chamou a atenção? Resposta - A queda da União Soviética; 3. Qual a maior contribuição do ensino de História para a sua formação enquanto ser humano, estudante e cidadão? Resposta - Contribui para desenvolver a duvida da nossa sociedade e buscar compreende-la de maneira critica; 4. Para você, História é Resposta - É a ciência que estuda o desenvolvimento da humanidade ao longo do tempo; 5. Em sua opinião, qual a importância da Disciplina de História para a formação do estudante, do cidadão?  Resposta - Em minha opinião história é importante pois ajuda e deveria ajudar a humanidade a aprender com os erros anteriores; Como você vê a possibilidade de não ter a Disciplina de História no “Novo” Ensino Médio? Resposta - Vejo que nesse modelo de ensino a disciplina de história não será ausente, porém será insuficiente para ter relevância no aprendizado além de gerar um maior “emburrecimento” em alguns estudantes brasileiros. Analisando as respostar do Aluno, verifica-se que há a plena consciência sobre a importância da História enquanto ciência e de seu ensino. Também, a consciência da relação entre os acontecimentos do passado e o presente, bem como sobre a possibilidade de não se ter a Disciplina de História em sua plenitude no “Novo” Ensino Médio, e do prejuízo que isso acarretaria para os Alunos e sociedade. O Adolescente tem também a perspectiva de que a História possibilita uma visão crítica sociedade, em função, principalmente, dos “erros” praticados no passado pela humanidade como um todo.

 

Assim, combinando as respostas do Adolescente em sua transição do 9º Ano do Ensino Fundamental para o 1º Ano do “Novo” Ensino Médio, com a percepção do contido no Livro Didático descrito em algumas de suas particularidades, verifica-se que se torna complexa a possibilidade de uma continuidade do aprendizado em História, diante do cenário do “Novo” Ensino Médio, face os encaminhamentos dados pelo material didático selecionado, no sentido de ser o “guia” dos Professores (as) quando das Aulas de História e outras Disciplinas voltadas para as Ciências Humanas. O que se constata também é uma visão completamente diferenciada daquela que até então existe até o 9º Ano do Ensino Fundamental, trazendo em seu bojo, o “Novo” Ensino Médio, uma visão multidisciplinar do conhecimento, perpassando conteúdos de História, Filosofia e Sociologia ao mesmo tempo e no mesmo capítulo de um livro didático, remetendo, em tese, a uma base de conhecimentos que não existe e de Disciplinas, que o Aluno do 9º Ano também não conheceu ainda, como é o caso da Sociologia. Por final verifica-se que o ensino de História, assim como outras ciências, vem para um segundo plano na formação de jovens do “Novo” Ensino Médio, ofuscando conhecimentos, concepções e identidades, fundamentais para uma consciência histórica que leve à busca de uma cidadania plena e a uma igualdade substantiva.

 

Referências biográficas

 

Dr. Gerson Luiz Buczenko, Docente do Ensino Superior no Centro Universitário Internacional Uninter.

 

Referências bibliográficas

 

BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de história. In: BITTENCOURT, C. (Org.). O saber histórico em sala de aula. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2006.

 

COTRIM, Gilberto; LOZANO, Ângela Corrêa da Silva; ALVES, Alexandre; OLIVEIRA, Letícia Fagundes de; MOSCHKOVICH, Marília. Conexões: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas - Trabalho e Transformação Social. 1.ed. São Paulo: Moderna, 2020.

 

MARTINS, Estevão Chaves de Resende. Consciência e Educação Históricas. In: ANDRADE, Juliana Alves; PEREIRA, Nilton Mullet. (Orgs.). Ensino de História e suas práticas de pesquisa. 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2021.

 

PEREIRA, Nilton Pereira. Porque é preciso estudar História? (Artigo). In: Café História. Publicado em 5 de julho de 2021. Disponível em: 

<https://www.cafehistoria.com.br/porque-ainda-e-preciso-estudar-historia/>. Acesso em: 05 jun. 2022.

 

24 comentários:

  1. Daniele Nunes da Silva13 de setembro de 2022 às 07:43

    Gostaria de saber sua opinião se, após esse decênio do PNE, a BNCC poderia mudar e abrir espaço para História.

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    1. Olá Daniele. Tudo bem. Agradeço pela indagação. Creio que a Base Nacional prevista na LDB em sua concepção inicial, bem como tratada no PNE tinha um objetivo inicial, fruto de uma construção coletiva, de traçar um proposta curricular mínima a ser praticada em todo o território nacional. No entanto, no processo da BNCC isso foi completamente desvirtuado. Assim, na atual concepção imposta não há espaços para uma amplitude das ciências humanas, dadas as escolhas que foram feitas a meu ver. Temos que mudar isso.

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  2. Gostaria de saber sua opinião se, após esse decênio do PNE, a BNCC poderia mudar e abrir espaço para História.
    Daniele Nunes da Silva

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  3. Bom dia, parabéns pelo trabalho. Quais as possibilidades e desafios que você percebe para o ensino de História nesse momento Novo Ensino Médio?

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    1. Olá Andreia. Tudo bem. Agradeço pela pergunta. Creio que um formato possível, embora pouco praticado é por meio do chamado "currículo oculto", aquele que se pratica de forma real em sala de aula. Sabemos que na Educação Básica, principalmente nos anos finais do Ensino Fundamental II, existe uma certa autonomia para as tratativas das ciências, embora a presença do livro didático ou de apostilamentos seja um entrave, o Professor consegue despertar novos olhares, outros debates e interesses que levam a reflexões cognitivas pertinentes em relação ao ensino de História.

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  4. Carmem Lucia Gomes De Salis14 de setembro de 2022 às 10:14

    Parabéns pelo trabalho! Estamos vivenciando o momento de implantação da complexa proposta do "Novo Ensino Médio" em meio a dúvidas e incertezas. Um delas se refere a questão da perda de especificidade da disciplina história e os impactos disso para o ensino de história tendo em vista as discussões mais atuais acerca da importância da História para a vida prática dos sujeitos. Como você percebe a questão da formação das áreas e a interdisciplinaridade para a especificidade da disciplina? No seu ponto de vista ela será impactada?

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    1. Olá Carmem. Tudo bem. Agradeço pela indagação. A abordagem interdisciplinar se faz presente na construção dos Livros Didáticos para o "Novo" Ensino Médio, à contrapelo da formação de Professores nas Licenciaturas e Bacharelados, causando um enorme desconforto para os Professores do Ensino Médio. Assim, creio que foi uma escolha daqueles que tinham o poder de decidir, contrariando a realidade de formação estabelecida para a grande maioria de Professores no Brasil. A formação interdisciplinar já é uma realidade em algumas instituições no Brasil que foram um projeto piloto desse processo, no entanto, não houve o devido debate com cada área do conhecimento de forma democrática, trazendo esse desconforto atual, que vai impactar de forma direta do Adolescente, causando a meu ver muitos prejuízos educacionais para o futuro próximo. Momento preocupante diante do descaso com a Educação em nosso país. Muito Obrigado.

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  5. Olá Gerson, boa noite! Suas inquietações são pertinentes e relevantes, entretando fiquei em dúvida sobre seu procedimento metodológico. Apenas uma entrevista oferece condições para que você chegue as conclusões apresentadas? Não seria interessante ampliar o corpus da pesquisa?

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    1. Olá Sandra. Tudo bem. Agradeço pela pergunta. A ideia inicial foi a entrevista com uma Turma de 10 Alunos de uma Escola Privada. No entanto, houve apenas o retorno de um questionário. Assim, mantivemos o texto na perspectiva de ilustrar uma realidade do que ocorre hoje nessa transição do 9º Ano para o 1º Ano do Ensino Médio. Em seguida, a intenção é repetir a pesquisa na transição do 1º para o 2º ano do "novo" Ensino Médio. Muito Obrigado.

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  6. Lívia Diana Rocha Magalhães14 de setembro de 2022 às 19:17

    Gerson, discutir o ensino médio hoje realmente é urgente. Gostaria que você esclarecesse mais um pouco sobre a relação você identifica entre protagonismo juvenil e o conhecimento histórico. Obrigada

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    1. Olá Lívia. Tudo bem. Agradeço pelo questionamento. Essa é uma relação muito complexa diante do que propõe a BNCC que, de forma contraditória, impõe mecanismos de competências e habilidades voltadas para um pretenso mercado de trabalho, sem privilegiar a cognição histórica, sociológica e filosófica, fundamentais para que, a meu ver, esse Aluno possa se situar no mundo e a partir daí, ser um verdadeiro protagonista. Muito Obrigado.

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  7. Parabéns pelo texto Gerson Luiz Buczenko que se chama “ Novo” Ensino médio: reflexões sobre a história e seu ensino, no qual é salientado que o presente trabalho tem como objetivo analisar o 1º Ano do “Novo” Ensino Médio, em relação ao ensino de História. Entre os objetivos específicos foram elencados: analisar a percepção de Adolescente sobre o ensino de História até o 9º ano e suas expectativas, em relação ao 1º ano do “Novo” Ensino Médio; avaliar as primeiras impressões sobre o ensino de História no “Novo” Ensino Médio em instituição de ensino pública e seu material didático.
    Assina Francielcio Silva da Costa.

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    1. Olá Francielcio. Tudo bem. Agradeço pelas colocações. A expectativa desse texto é chamar a atenção para esse momento que vivemos na escola pública, de imposição de uma BNCC, à contrapelo do conhecimento real e necessário das ciências humanas. Muito Obrigado.

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  8. Bom dia. Muito legal a sua pesquisa. Você não acha que a história perde sua especificidade com esse novo ensino médio? E qual os problemas dessa diluição para o entendimento da história e para os professores? Seria diríamos o fim da história e o desenvolvimento de uma ciências humanas única? A visão que tenho que se dilui as características da ciência em meio as outras áreas das humanas. Grato, Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Olá Marlon. Tudo bem. Agradeço pelas colocações. Creio que perdem as Ciências Humanas, perdem os Alunos por não terem a oportunidade de conhecerem de forma mais aprofundada a História, a Filosofia e a Sociologia e, no futuro próximo, perde ainda mais a sociedade por não ter uma geração com uma visão crítica do que ocorre em seu meio. Talvez, esse seja o objetivo intrínseco desse processo impositivo de uma BNCC, pensada e perspectivada pela Elite brasileira e o empresariado educacional, para os jovens das instituições públicas de Ensino. E, concordo contigo, no sentido de que não apenas se dilui o conhecimento, ele não se mantém, não existindo o processo dialético-reflexivo, não havendo, a meu ver, sequer o aprendizado necessário para uma mínima orientação voltada para uma cidadania plena. Muito Obrigado.

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  9. Bom dia, a implementação do "Novo" Ensino Médio ocorre em meio a um cenário político brasileiro bem conturbado e dividido. Você acredita ser possível uma revisão nesse novo modelo e uma maior participação da disciplina com maior autonomia e identidade própria?

    Gustavo Luiz da Costa Racco

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    1. Olá Gustavo. Tudo bem. Agradeço pela indagação. Esperançar se faz mais do que necessário em tempos sombrios. Assim, creio que é possível rever todo esse processo com pessoas bem intencionadas no próximo Governo Federal e posicionadas junto ao MEC. A construção de uma Base Nacional Curricular já estava prevista na LDB e creio, a intenção era a das melhores, no sentido de pensar a Educação Pública Brasileira como um todo, equacionado o acesso, os meios e estrutura, Professores com formação na área de conhecimento e currículo, sedimentando minimamente uma igualdade de tratativas no ambiente escolar. Vamos lutar por isso. Muito Obrigado.

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  10. OI Gerson Luiz, sou de Santa Catarina e aqui recentemente foi implementado o Currículo Base do Ensino Médio e da mesma forma foram adotados os livros do chamado "Novo Ensino Médio". este ano não estou na escola, mas ano passado fui responsável por fazer a escolha dos livros didáticos de toda a área de Ciências Humanas. E notei que a maioria dos livros didáticos trazem muita coisa de história em detrimento de outras disciplinas como a sociologia e a filosofia. Mesmo assim notei uma defasagem muito grande em relações a temas clássicos da história que são inúmeros e não vou mencionar aqui. Pergunto: Como poderemos compensar esta defasagem no Ensino de História no Ensino Médio sendo que a BNCC e os Currículos Estaduais estão vindo "formatados". Está, me parece havendo uma contradição: nos simpósios e congressos de História está se falando muito nesta área do conhecimento e sua importância e os currículos estão esvaziados do mesmo. Obs: Sou professor da Educação Básica.
    Odair de Souza

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    1. Olá Professor Odair. Tudo bem. Agradeço pela indagação. Creio que vencer esse obstáculo da formatação de conteúdos, com pouco ou nenhum aprofundamento é um grande desafio para o Professor que está na Educação Básica. E, para agravar a esse quadro temos ainda as cobranças de caráter pedagógico, que exigem, muitas vezes, o registro de conteúdos de acordo com o Livro Didático ou com os Códigos na BNCC, com o objetivo de "fiscalizar" o Professor na aplicação dos conteúdos. Assim, creio que no ambiente da escola pública, que seja realmente democrático, a saída principal é o diálogo com Direção, Equipe Pedagógica e Corpo Docente, no sentido de se estabelecerem parâmetros para uma ação docente que venha realmente a buscar a aprendizagem dos conteúdos e não uma "educação bancária" como nos dizia o saudoso Mestre Paulo Freire. No ambiente de Congressos e similares, com o predomínio ainda de apresentação de pesquisas e estudos, por vezes, desconectados da realidade da escola pública, da sala de aula, do fazer acontecer a História com Alunos da Educação Básica, vê-se muito ainda a presença de temas que estão distantes da realidade curricular da escola pública. Assim, creio que resistir às imposições e defender uma abordagem coerente dos conteúdos históricos e a sua aprendizagem é uma das tarefas mais árduas nos tempos atuais. Forte Abraço.

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  11. Olá Gerson! Currículos são importantes, mas sua sucessão e a falta de formação dificulta em muito sua apropriação, salvo melhor juízo, nossos professores constroem para si seus currículos reais, suas experiências! Na BNCC os objetivos de aprendizagem facilitam bastante o trabalho docente e o planejamento! Pergunto já não é tempo de nossos currículos serem menos prescritivos? Abcs!

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    1. Olá Professor Everton. Tudo bem. Agradeço pela pergunta. Concordo com o Professor e nesse sentido creio que é fundamental que os objetivos sejam traçados dentro da esfera curricular, no entanto, objetivos tangíveis, alcançáveis e conectados com a realidade do Aluno, proporcionando uma visão
      sobre a importância entre a relação teoria e prática. Há que se ter maior liberdade e privilegiar a autonomia docente e o protagonismo discente, buscando-se, assim, um aprendizado para a vida que o Aluno tanto deseja.

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    2. Muito Obrigado! Abcs! Seguimos Juntos!!!

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